Infarto do miocárdio é a oclusão aguda ou súbita de uma coronária – artéria que irriga uma parte do músculo cardíaco –, levando a uma isquemia aguda, ou seja, à falta de oxigenação desse tecido do coração. Essa falta de oxigenação aguda pode ocasionar a morte desse tecido caso não seja instituído um tratamento precoce.

Geralmente a dor do infarto tem características e localização muito parecidas com a dor de angina, ou seja, geralmente é do lado esquerdo do peito ou na porção central do tórax, atrás do osso esterno. Ela é em peso, aperto ou queimação, mas com uma intensidade muito superior a dor de angina. Além disso, frequentemente a dor de infarto está associada ao suor frio, náuseas e, eventualmente, vômitos.

Ao perceber os sintomas – dor prolongada e intensa, surgindo em repouso –, deve-se entrar em contato imediatamente com o serviço de emergência para ser atendido, de preferência em casa, e ser levado de ambulância para o hospital. Isso porque, na grande maioria dos casos, as complicações mais imediatas do infarto são devido às arritmias cardíacas, que podem levar a uma parada cardíaca. Então, se essa arritmia acontece dentro de uma ambulância equipada, é muito mais fácil revertê-la. Evidentemente que, se o auxílio de uma ambulância for demorado e for mais rápido acessar o atendimento com um veículo próprio, essa alternativa deve ser implementada.

Chegando ao hospital, é feito um eletrocardiograma para confirmar o diagnóstico de infarto. Também são feitas medicações que bloqueiam as plaquetas e afinam um pouco o sangue. Na sequência, esse paciente deve ser submetido a um cateterismo cardíaco em caráter de urgência, para identificar a artéria responsável pelo infarto e proceder a desobstrução da mesma, com a realização da angioplastia e da colocação de próteses metálicas, os stents.

Esse tipo de tratamento salva vidas, diminuindo de maneira expressiva a mortalidade associada à fase aguda do infarto do miocárdio.

Se a pessoa mora em uma região onde não há hospital equipado para realizar o cateterismo cardíaco de urgência e a angioplastia, esse paciente deve ser submetido no ambiente hospitalar a um tratamento com trombolíticos. Essa medicação é aplicada na veia e dissolve o coágulo que se forma em cima da placa de gordura, permitindo uma passagem parcial de sangue, aliviando os sintomas e permitindo que o músculo não morra, como aconteceria se a coronária permanecesse obstruída. Esse tipo de tratamento serve como ponte para posterior realização do cateterismo cardíaco – em 24/48 horas no máximo, o paciente deve ser transferido para um centro mais equipado e ser submetido ao cateterismo e à angioplastia.



 

Uma dúvida muito frequente é sobre o que é a angina. Se é uma doença cardíaca, como deve ser tratada?

Na verdade, a angina é um sintoma. É uma dor, geralmente, no lado esquerdo do peito ou na porção central do tórax, atrás do osso esterno. Normalmente, tem uma característica de aperto ou de peso. Mais raramente, pode se manifestar como uma queimação, muitas vezes se confundindo com um sintoma gástrico.

Classicamente, a angina surge quando a pessoa faz algum tipo de esforço físico – subir uma escada, acelerar o passo – e, tradicionalmente, alivia em poucos minutos, assim que a pessoa cessa a atividade que a provocou.

A angina é uma manifestação clínica de uma obstrução de alguma artéria coronária por uma placa de gordura. As artérias coronárias são aquelas que irrigam o músculo cardíaco. Quando o fluxo de sangue é diminuído pela existência de uma obstrução, o sinal de alerta que o coração emite é justamente a dor de angina.

Infarto Cardiologista Dr. Gilberto Nunes | Porto Alegre angina

Tratamento – Quando a pessoa começa a apresentar esse sintoma, é muito importante que ela procure consultar com um cardiologista para avaliar a extensão do problema e, eventualmente, definir qual o melhor tratamento a ser empregado, que pode ser apenas com medicações ou com a realização de um exame invasivo, chamado cateterismo cardíaco.

O cateterismo cardíaco vai identificar aonde são as obstruções, se comprometem uma ou mais coronárias, e, eventualmente, definir se há necessidade de um tratamento diferente, que pode ser a angioplastia com colocação de stent

s coronários (próteses metálicas que mantêm o vaso aberto) ou, numa minoria de pacientes, a necessidade de fazer uma cirurgia de peito aberto com a colocação de pontes de safena.

Em alguns casos, geralmente naqueles pacientes que tiveram dor em um esforço físico e não procuraram um cardiologista para investigar, pode se instalar um quadro de angina instável – quando a dor começa a aparecer cada vez mais com menos quantidade de esforço, com maior frequência e maior intensidade ou até com a pessoa parada, sem fazer nenhuma atividade físico. Nesses casos, é preciso ação imediata, o paciente deve procurar uma emergência de algum hospital, pois eventualmente, pode haver a necessidade de se realizar um cateterismo de urgência devido à gravidade do quadro.

O reconhecimento desse sintoma e o seu tratamento adequado impedem que o quadro possa progredir para um infarto agudo do miocárdio.



 

cardiologista porto alegre - dr gilberto nunes

O mundo tem acompanhado com grande atenção a recente epidemia de gripe causada pelo coronavírus na China. O impacto deste novo surto sobre a saúde cardiovascular global ainda não foi determinado. Inúmeras evidências científicas demostram uma forte associação entre surtos de gripe e a ocorrência de eventos cardiovasculares graves.

Surtos de gripe estão associados a um aumento expressivo do número de internações por infarto, com o risco sendo maior nos primeiros sete dias após o diagnóstico. A gripe causa inflamação generalizada no organismo, ativando a coagulação e predispondo à ruptura de placas de gordura nas artérias, ambos mecanismos reconhecidamente causadores do infarto.

Estudos populacionais indicam que a vacinação contra a gripe reduz de maneira significativa a ocorrência de infarto. Estudos clínicos controlados sugerem que um evento cardiovascular (infarto e derrame cerebral entre outros) é evitado a cada 58 indivíduos vacinados.

Baseado nestas evidências, o Center for Diseases Control americano recomenda a vacinação contra a gripe em todos os indivíduos acima dos 50 anos, especialmente aqueles com alguma forma de doença cardiovascular. As sociedades cardiológicas americanas também recomendam a utilização da vacinação anual como forma de prevenção de novos eventos cardiovasculares em pacientes portadores de aterosclerose. A força dessa recomendação é de magnitude semelhante às de outras estratégias de prevenção de eventos (como o controle da pressão arterial e do colesterol).

Nesse contexto, causa apreensão a falta de ação dos órgãos da saúde e de nós médicos no sentido de indicar a vacinação contra a gripe como forma de prevenção também de eventos cardiovasculares, da mesma forma que recomendamos a cessação do fumo ou o controle do colesterol. Dessa forma, a vacinação sistemática contra a gripe é uma forma eficaz e barata de prevenção de infarto do miocárdio. Essa é uma excelente razão adicional para nos vacinarmos todos os anos.

(Gilberto Lahorgue Nunes, ZH, 13/02/20)

 


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