2019: estudos científicos trouxeram novidades em tratamentos para algumas doenças do coração

Dois estudos apresentados no congresso do Colégio Americano de Cardiologia em 2019 foram muito importantes ao comparar a cirurgia de troca da válvula aórtica com o implante por cateter em pacientes com estenose aórtica, doença caracterizada pelo estreitamento da válvula aórtica por processo degenerativo, decorrente da idade.

Esse procedimento de implante por cateter já havia sido testado em pacientes com risco elevado ou intermediário para realização de cirurgia, com resultados iguais aos da cirurgia de peito aberto. Esses dois estudos apresentados relatam a implantação da válvula aórtica por cateter em pacientes de baixo risco cirúrgico (com risco de mortalidade associada à cirurgia abaixo de 4%), e apontam resultados iguais ou superiores do implante por cateter em relação a ocorrência de algumas complicações (como ocorrência de morte ou acidente vascular cerebral após o procedimento), em comparação à cirurgia de peito aberto.

Esses dois importantes estudos clínicos foram apresentados em março de 2019, e em agosto, o órgão governamental do Estados Unidos que regulamenta a aplicação de novas tecnologias e tratamentos na área da saúde (FDA, da sigla em inglês para Food and Drug Administration) já anunciava a aprovação da técnica de implante da válvula aórtica por cateter em pacientes de baixo risco. Essa aprovação representa uma mudança de paradigma na cardiologia visto que a cirurgia de peito aberto era, até então, considerada o único método reconhecido para tratamento desses pacientes.

As conclusões que esses estudos revelam é que, muito provavelmente, o implante por cateter se torne o método preferido de tratamento dos pacientes com estenose aórtica, independentemente do perfil de risco cirúrgico.

Ainda na linha de tratamento de doenças de válvulas cardíacas por cateter, em agosto de 2019, no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, foram apresentados os resultados de três anos de outro estudo muito importante, abordando um tratamento por cateter de uma doença chamada insuficiência da válvula mitral. Essa doença provoca a regurgitação (vazamento) de sangue através da válvula comprometida, fazendo com que ele volte para os pulmões, o que pode causar quadros significativos de insuficiência cardíaca e falta de ar.

O estudo comparou a colocação de um clip por cateter na válvula mitral, para reduzir seu grau de insuficiência, com o melhor tratamento clínico disponível atualmente. No segmento de um ano, esse estudo já havia mostrado melhores resultados com a clipagem por cateter dessa válvula insuficiente. Nos resultados obtidos depois de três anos de acompanhamento, confirmou-se a melhor evolução dos pacientes tratados pelo clip implantado por cateter em comparação com o tratamento clínico, em termos de redução de novas internações e também no índice de mortalidade.

Isso mostra que o tratamento por cateter é mais uma alternativa, especialmente, para pacientes nos quais  o risco da cirurgia é muito alto ou para aqueles que não querem ou não podem ser submetidos a um procedimento cirúrgico de peito aberto.

Dessa forma, confirma-se a expectativa de que o tratamento das doenças das válvulas cardíacas por cateter terá um papel importante na abordagem dos pacientes portadores dessas patologias, a exemplo do que se observa há vários anos em relação ao uso de tratamentos menos invasivos (angioplastia com colocação de stents) utilizados nos pacientes com angina ou infarto do miocárdio e que apresentam obstruções das artérias coronárias (vasos que irrigam o músculo cardíaco).

(Fonte das informações e imagem: site da revista Diagnostic and Interventional Cardiology – dicardiology.com)


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Dr. Gilberto Nunes | Clínica Cardiologista Porto Alegre