Devido ao isolamento social promovido como prevenção à Covid-19, tem se observado um aumento explosivo do número de pacientes que têm morte súbita, ou seja, uma parada cardíaca em casa. Muitos desses pacientes são cardiopatas e, possivelmente, esse aumento dos casos de morte súbita possa ser causado por suspensão das medicações para o coração ou a falta de acompanhamento médico.
Com o aumento dos casos de Covid-19, pode-se perceber que o coronavírus causa alterações no organismo que podem ser muito prejudiciais ao funcionamento do coração. Esse vírus provoca o surgimento de um estado inflamatório em todo organismo, o que pode envolver também o coração e causar uma inflamação do músculo cardíaco, chamada de miocardite. Essa inflamação no coração pode levar ao surgimento de arritmias cardíacas e a um quadro de insuficiência cardíaca (coração dilatado) e também comprometer a parede das artérias que irrigam o músculo cardíaco (as coronárias), predispondo o paciente a um quadro de infarto do miocárdio. Além disso, a infecção viral aumenta o risco de formação de coágulos (trombose) dentro dos vasos sanguíneos, o que também aumenta o risco de um ataque cardíaco.
Nesse sentido, é extremamente importante que os pacientes que já possuem doença cardíaca tomem duas atitudes muito importantes: não suspender o uso das medicações para o coração (salvo em caso de recomendação médica), e manter o acompanhamento periódico com o seu cardiologista, tanto de forma presencial quanto à distância (por videoconferência).
Devido à pandemia pelo coronavírus, o Conselho Federal de Medicina liberou a realização de consultas por videoconferência como uma maneira válida de acompanhar e tratar os pacientes. No caso de consultas presenciais, medidas de prevenção devem ser adotadas no consultório, como o maior espaçamento entre os horários da agenda para que pacientes não fiquem na sala de espera, manutenção de portas e janelas abertas (para permitir uma maior circulação de ar) e incentivar o uso de máscara pelos pacientes e acompanhantes. A mensagem final é: mesmo durante esta pandemia, não deixe de manter o acompanhamento periódico com o seu cardiologista.
Confira, no vídeo abaixo, campanha feita pela Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista, alertando sobre a situação dos pacientes com dor no peito e que não procuram atendimento de urgência por medo do coronavírus.