Emergências do coração e a pandemia da Covid-19

Notícias publicadas recentemente indicam que o secretário de Cultura do Governo Federal, Mário Frias, foi internado em um hospital de Brasília com um quadro cardiológico agudo e que teria sido submetido a um cateterismo cardíaco para desobstrução de uma artéria coronária.

Na notícia veiculada pela imprensa, o quadro apresentando por Frias foi caracterizado como “princípio de infarto”. Este é um termo leigo que se refere a uma condição médica chamada de síndrome coronariana aguda.

Esse quadro geralmente é causado por uma obstrução crítica ou uma oclusão total, porém passageira, de uma ou mais das artérias coronárias, que são os vasos que irrigam o músculo cardíaco.

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Nesses casos, é realizado inicialmente um tratamento com remédios e após a estabilização do quadro, o paciente é submetido a um cateterismo cardíaco dentro de 12 a 24 horas do início dos sintomas.

Nesse exame, é puncionada uma artéria na região do punho ou da virilha e, utilizando-se um cateter especial, as coronárias são visualizadas e identificados pontos de obstrução. Se as obstruções forem graves, é realizado o tratamento no mesmo procedimento por meio da dilatação com balão (angioplastia) e a colocação de pequenas próteses metálicas (os stents).

Já na ocorrência caso de um infarto agudo do miocárdio (que é diagnosticado a partir de alterações características presentes no eletrocardiograma), a artéria coronária é totalmente obstruída por um coágulo que se instala sobre uma placa de gordura rompida, levando a uma interrupção completa da irrigação do músculo cardíaco e à morte do tecido. Nesse caso, o paciente deve ser submetido ao cateterismo cardíaco o mais rápido possível, pois a desobstrução da coronária pela angioplastia com implante de stent limita o dano ao músculo cardíaco e reduz de maneira expressiva o risco de morte do paciente.

Segundo informações veiculadas pelos meios de comunicação, previamente ao quadro cardiológico agudo, o secretário Mário Frias apresentava sintomas da Covid-19. Durante a atual pandemia tem sido observado que, com relativa frequência, os pacientes com quadros cardiológicos agudos retardam a decisão de procurar o atendimento de emergência, quer seja por medo de serem contaminados durante o atendimento no hospital ou por confundirem os sintomas do infarto com os sintomas da Covid. Além disso, as alterações inflamatórias e a ativação da coagulação do sangue provocadas pela infecção pelo coronavírus podem, por si só, desencadear um quadro de infarto do miocárdio ou síndrome coronariana aguda mesmo em pacientes com poucos ou nenhum fator de risco para a aterosclerose (acumulação de placas de gordura nas paredes das artérias).

Cabe ressaltar que, mesmo na vigência da pandemia da Covid-19, as doenças cardiovasculares ainda lideram as causas de morte em adultos no Brasil. Dessa forma, os sintomas sugestivos de um quadro cardiológico agudo não devem ser negligenciados e o atendimento de emergência deve ser procurado sem demora, pois esta atitude pode significar a diferença entre uma recuperação completa ou a ocorrência de sequelas cardíacas graves ou mesmo a morte.


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Dr. Gilberto Nunes | Clínica Cardiologista Porto Alegre

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