SAIBA TUDO SOBRE CATETERISMO

Existe uma série de diferentes métodos diagnósticos em Cardiologia, desde exames não invasivos até os exames invasivos. Exemplos de exames não invasivos são o eletrocardiograma, o teste de esforço e o ecocardiograma, entre outros. O cateterismo cardíaco é um exame invasivo que consiste na introdução de um cateter no sistema vascular (artéria ou veia) e que visa a confirmação de uma suspeita da presença ou não de problemas cardíacos ou vasculares sugerida pelos testes não-invasivos. O cateterismo cardíaco também pode ser realizado para para fins de tratamento.

Na área da Cardiologia, o cateterismo diagnóstico é realizado, geralmente, para a visualização das artérias coronárias e a identificação de obstruções (estenoses) destes vasos. Neste caso, este exame é chamado de cinecoronariografia. Por outro lado, atualmente, o cateterismo pode ser realizado para a tratamento de uma série de doenças cardíacas como, por exemplo, as obstruções das artérias coronárias (neste caso o procedimento é chamado de angioplastia coronariana com implante de stent) e as falhas de funcionamento das válvulas cardíacas (neste caso, chamado de implante de válvula por cateter ou reparo valvular por cateter).

Com a disseminação e diversificação dos tratamentos por cateter, cada vez menos existe a necessidade de recorrer-se à cirurgia cardíaca de peito aberto para o tratamento das afecções cardiológicas. O tratamento por cateter possui uma série de vantagens sobre a cirurgia convencional, sendo menos invasivo, de recuperação mais rápida e, consequentemente, associado a um menor tempo de internação e a uma recuperação mais rápida.

Nesse artigo, vamos apresentar tudo o que você precisa saber sobre o cateterismo cardíaco, tanto para fins de diagnóstico quanto de tratamento. Com esse conhecimento, você vai se sentir mais seguro e confiante para realizar o procedimento, caso ele seja indicado pelo seu médico.

 

1. O que é cateterismo cardíaco?

O cateterismo cardíaco é um nome genérico utilizado para se referir a um procedimento diagnóstico cardiológico, no qual um cateter (pequeno tubo) é introduzido por uma artéria ou veia periférica e avançado até o coração. Esse tipo de procedimento invasivo é realizado, geralmente, para determinação da presença ou não de obstruções (estreitamentos) das artérias coronárias (neste caso, ele é chamado de cinecoronariografia). Além de ser o padrão-ouro para a identificação destas obstruções, a cinecoronariografia também determina se há a necessidade ou não do seu tratamento. Quando o cateterismo cardíaco é realizado visando o tratamento das obstruções de coronárias ele é denominado angioplastia coronária (ver item 2).

 

Quando será necessário fazer um cateterismo cardíaco?

Antes de responder essa pergunta, existe outra a ser respondida: quando você deve procurar um cardiologista? Geralmente, recomenda-se que, a partir dos 40 anos de idade, todas as pessoas façam uma avaliação cardiológica de rotina. Indivíduos com histórico de doença cardíaca na família ou que apresentem fatores de risco, como diabetes, hipertensão, fumo, obesidade ou aumento de colesterol devem fazer esse tipo de avaliação mais cedo ainda.

Por outro lado, ao observar a presença de sintomas que possam sugerir a presença de uma doença cardíaca – dor no peito, cansaço, falta de ar, palpitações – o cardiologista deve ser consultado, independente da idade do paciente. A partir dessa consulta, o médico cardiologista irá solicitar os exames necessários para avaliar a presença ou não de problemas cardíacos. Esses exames normalmente incluem exames laboratoriais e exames não invasivos como o eletrocardiograma, o teste ergométrico e o ecocardiograma, entre outros. Dependendo dos resultados desses exames iniciais ou da intensidade ou gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente, pode ser necessária a realização de uma avaliação invasiva pelo cateterismo cardíaco diagnóstico.

Esse procedimento é realizado por um Cardiologista Intervencionista e serve para confirmação da suspeita diagnóstica e para a definição da melhor estratégia de tratamento.

A saber:

O Cardiologista Intervencionista é um cardiologista que tem especialização na área de realização de exames e procedimentos por cateter. Isso inclui o tratamento das obstruções das coronárias, das doenças das válvulas cardíacas e de outras doenças que envolvam o coração e o sistema vascular.

 

Como é realizado o cateterismo cardíaco?

O cateterismo cardíaco (cinecoronariografia) é realizado por intermédio da punção de uma artéria ou veia e a introdução de um cateter até o coração.Cateterismo Cardíaco | Cardiologista Porto Alegre

A realização do cateterismo do coração utilizando a punção de uma veia (geralmente localizada na região da virilha) é, na maioria das vezes, feita nos pacientes (crianças ou adolescentes) portadores de malformações congênitas do coração ou no estudo das arritmias e dos bloqueios do sistema de condução elétrico do coração (esse último tipo de cateterismo é chamado de estudo eletrofisiológico). Nas demais modalidades de cateterismo cardíaco, utiliza-se a punção de uma artéria localizada na região da virilha (chamado cateterismo pela via femoral) ou na região do punho (chamado de cateterismo pela via radial).

Após a punção da artéria, cateteres são avançados até a junção da artéria aorta com o coração e os óstios das artérias coronárias (coronárias direita e esquerda) são cateterizados. Através do cateter, é injetado um tipo de contraste que opacifica as coronárias, sendo realizadas injeções em vários ângulos diferentes para determinar a presença ou não de obstruções. Essas imagens são registradas e armazenadas em um CD. Ao final do exame é necessário estancar o sangramento pelo local da punção da artéria.

Se o exame foi realizado pela virilha, é feita uma compressão manual do local da punção por 15-20 minutos e, posteriormente, o paciente necessita permanecer deitado por um período de 4-5 horas a fim de evitar a ocorrência de sangramentos no local. Por outro lado, se o exame foi feito pelo punho, coloca-se uma pulseira no punho ou faz-se um curativo compressivo no local. Nesse caso, o paciente pode caminhar imediatamente após o final do exame, não havendo necessidade de repouso no leito. Na maioria dos casos, a cinecoronariografia é realizada de forma ambulatorial, com o paciente sendo liberado para casa após 3-4 horas quando realizado pelo punho e após 5-6 horas quando realizado pela virilha.

 

2. Como podem ser tratadas as obstruções das coronárias?

O tratamento de obstruções das coronárias pode ser feito de duas maneiras. A primeira delas é por meio da cirurgia de peito aberto, em que são implantadas pontes de safena e de artéria mamária. Esse tipo de tratamento é reservado, hoje em dia, para os pacientes que possuem doença muito avançada ou muito difusa, em que várias coronárias e vários ramos apresentam múltiplas obstruções.

Nos dias atuais, na grande maioria dos casos é possível tratar estas obstruções de maneira menos invasiva por meio da angioplastia com implante dos stents coronários. A angioplastia consiste na dilatação das obstruções utilizando um cateter balão e, posteriormente, o implante das próteses metálicas, chamadas de stents. Geralmente, a angioplastia coronária é realizada no mesmo procedimento da cinecoronariografia apenas naqueles pacientes internados devido a quadros coronarianos agudos (como a angina instável e o infarto do miocárdio). Já nos pacientes estáveis, o cateterismo diagnóstico é realizado de maneira ambulatorial e a angioplastia programada para um outro momento.

O tratamento das obstruções das coronárias por cateter pode ser realizado por duas vias de acesso, da mesma maneira que o cateterismo diagnóstico. A primeira delas, utilizada há mais tempo, envolve a punção de uma artéria localizada na região da virilha (artéria femoral). Mais recentemente, outra via de acesso ainda menos invasiva foi desenvolvida, utilizando a punção de uma artéria localizada no punho (artéria radial). A utilização da artéria radial apresenta várias vantagens em relação ao acesso tradicional, pela virilha. Você pode obter mais informações sobre essa via de acesso e suas vantagens na aba “Acesso Radial”.

 

3. Que outros tipos de tratamento podem ser feitos por cateter?

Em anos recentes, houve uma expansão das indicações e das técnicas de tratamento por cateter para permitir também a abordagem de outras doenças além das obstruções das artérias coronárias. Dessa forma, técnicas por cateter podem ser empregadas para o tratamento das disfunções da válvula mitral (estenose e, mais recentemente, a insuficiencia), da válvula aórtica (estenose e insuficiencia), a correção de defeitos congênitos em adultos (persistência do canal arterial, comunicação interventricular e interatrial, fístulas), miocardiopatia hipertrófica e para a prevenção do acidente vascular cerebral (oclusão forame oval patente e do apêndice atrial esquerdo).

Os resultados de excelência da abordagem por cateter e a confirmação da sua eficácia em estudos clínicos controlados fazem com que, em muitos casos, este tipo de tratamento seja atualmente considerado o método de eleição na maioria dos pacientes, reservando a correção cirúrgica convencional (com abertura do tórax) como uma segunda opção.

 

Principais dúvidas dos pacientes

Muitas perguntas chegam à nossa clínica de cardiologia em Porto Alegre. O médico Cardiologista Intervencionista Dr. Gilberto Lahorgue Nunes esclarece as principais dúvidas dos pacientes, de forma a reduzir a ansiedade com relação ao procedimento.
Confira algumas das questões e dúvidas mais frequentes trazidas pelos nossos pacientes.

 

Cateterismo é perigoso?

O cateterismo cardíaco é um exame necessário, muitas vezes, para o esclarecimento de doenças cardíacas e definir o grau de severidade do comprometimento cardíaco. Hoje em dia, esse é um procedimento de rotina e extremamente seguro, com baixo risco de complicações ou de morte.

O risco de morte durante um cateterismo cardíaco é em torno de 0,05%, e a chance de haver alguma complicação vascular grave (relacionada ao local no qual foi feita a punção da artéria) também é absolutamente infrequente, com incidência de 0,2 a 0,3%. Outras complicações, como a ocorrência de um acidente vascular cerebral ou a necessidade de realização de cirurgia de urgência também são muito raras (incidência < 1%).

 

Quanto tempo demora o procedimento de cateterismo?

Na maioria dos casos, o cateterismo cardíaco é utilizado como sinônimo da cinecoronariografia, que é um tipo de cateterismo do coração cujo objetivo é visualizar as artérias coronárias (que são os vasos que irrigam o músculo cardíaco) a fim de detectar a presença ou não de obstruções (ou bloqueios) dessas artérias. Este tipo de exame geralmente tem uma duração média de 20 a 30 minutos. Quando o cateterismo é realizado para fins de tratamento, o tempo de duração do procedimento depende da complexidade do caso a ser abordado.

 

Como é a recuperação após um cateterismo?

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O tempo de recuperação no hospital depende da via de acesso utilizada para realização do exame. Se foi pela artéria do punho, o paciente fica em observação por um período de três a quatro horas. Durante esse tempo, o paciente pode ficar sentado e caminhar. O curativo (ou a pulseira) é retirado ainda no hospital, sendo substituído uma bandagem simples (tipo Band-Aid), antes da liberação para casa.

Se o procedimento foi realizado pela virilha, o tempo de recuperação no hospital é de cinco a seis horas. Durante esse período o paciente deve ficar deitado e sem mexer a perna na qual foi realizado o exame, não podendo sentar nem caminhar. Após a alta para casa, recomenda-se não forçar a perna do exame até o dia seguinte.

 

É normal sentir dor no braço após um cateterismo pelo punho?

Desconforto ou dor intensos associados ao cateterismo são raros, especialmente quando o exame foi realizado pelo punho. O desconforto associado ao procedimento é, de modo geral, de leve intensidade e restrito ao período durante o qual os cateteres são manipulados. Após a retirada dos cateteres, o paciente pode sentir uma sensação de pressão no punho pela ação do curativo compressivo ou da pulseira de compressão (que são utilizados para selar o local da punção da artéria). Se após a alta do hospital o paciente persistir com desconforto significativo ou desenvolver dor forte ao longo do braço, ele deve retornar ao hospital para ser reavaliado. Quando o procedimento é realizado pela virilha, o desconforto normalmente se restringe à necessidade de permanecer em repouso no leito. Dor ou a ocorrência de inchaço no local da punção não são normais e requerem reavaliação pela equipe médica.

 

Como é o preparo para o cateterismo?

O preparo para o cateterismo é bastante simples, sendo recomendado apenas que o paciente fique em jejum por um período de seis horas antes do exame. Se o paciente é diabético e usa uma medicação à base de uma substância chamada metformina, recomenda-se que ela seja suspensa na véspera do exame. Se o paciente usa algum tipo de anticoagulante (medicamentos que impedem a coagulação do sangue) deve comunicar o nome do medicamento ao fazer o agendamento do exame a fim de ser orientado quanto ao tempo de suspensão deste medicamento.

No caso de o paciente ter apresentado anteriormente alergia ao realizar um exame que utiliza contraste a base de iodo (como por exemplo a tomografia) este histórico deve ser comunicado ao fazer o agendamento do exame, pois nesses casos é recomendado o uso de medicamentos antialérgicos antes da realização do procedimento. Também é recomendado que pacientes com histórico de alergia intensa a frutos do mar ou a algum medicamento comunique esse fato previamente.

 

Após o cateterismo, o paciente sente muitas dores?

Não, o normal é não sentir dor nenhuma ou mínimo desconforto após o exame, especialmente após a liberação para casa. A presença de dor importante não é normal e pode significar a ocorrência de algum tipo de complicação. Nesse caso, o paciente deve retornar imediatamente ao hospital aonde o exame foi realizado para ser avaliado.

 

Quais os efeitos colaterais do cateterismo?

O cateterismo cardíaco não apresenta efeitos colaterais. As reações mais comuns relacionadas à realização desse exame são o desconforto decorrente da progressão e/ou manipulação dos cateteres, náuseas e, eventualmente, os vômitos. O cateterismo cardíaco é um exame altamente seguro e, quando realizado por profissional experiente e utilizando técnica adequada, as complicações são extremamente raras. Na maioria esmagadora dos casos, é um exame muito bem tolerado, rápido e associado a mínimo desconforto.

As complicações que podem acontecer são geralmente relacionadas ao local da punção da artéria, como os hematomas, o pseudoaneurisma e a fistula arteriovenosa (sendo estas duas últimas ocorrências pouco frequentes). Importante ressaltar que a realização do cateterismo pelo punho (pela via radial) reduz de maneira significativa o risco de surgimento de complicações no local da punção em comparação com o acesso pela perna (femoral), além de ser mais confortável para o paciente e permitir a liberação mais precoce do hospital.


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Dr. Gilberto Nunes | Clínica Cardiologista Porto Alegre