Nos últimos anos, os cardiologistas têm voltado a atenção para uma molécula chamada Lipoproteína(a), ou Lp(a) — considerada por muitos especialistas a nova vilã do coração. Trata-se de uma partícula de gordura no sangue semelhante ao colesterol “ruim” (LDL), mas com uma diferença importante: ela possui uma proteína extra que a torna mais agressiva aos vasos sanguíneos. Esse componente adicional facilita a formação de placas de gordura e de coágulos, o que aumenta o risco de infarto e AVC, mesmo em pessoas com colesterol aparentemente controlado.
O alerta está na Nova Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, apresentada pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) em setembro. Um risco que vem dos genes – Diferente do colesterol tradicional, os níveis de Lp(a) são determinados pela genética — ou seja, não mudam muito com dieta, exercícios ou remédios já conhecidos. Por isso, uma pessoa pode ter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas e, ainda assim, apresentar níveis elevados dessa molécula.
Quem deve ficar atento
A dosagem da Lp(a) deve ser considerada em casos de:
* Histórico familiar de doenças cardíacas precoces.
* Infarto ou AVC em pessoas com colesterol normal.
* Aterosclerose detectada em exames, sem causa aparente.
Mesmo sem medicamentos específicos aprovados para reduzir a Lp(a), é essencial controlar todos os outros fatores de risco cardiovascular — como colesterol LDL, pressão alta, glicemia, tabagismo e excesso de peso.
Ensaios clínicos estão em andamento para desenvolver terapias voltadas exclusivamente à redução da Lp(a), o que representa uma nova fronteira da cardiologia preventiva.
“Mesmo com o colesterol sob controle, pode existir um risco oculto. O exame da Lipoproteína(a) ajuda a identificar esse perigo silencioso e orientar a prevenção de forma mais personalizada”, explica o cardiologista intervencionista Dr. Gilberto Lahorgue Nunes.
