Diante de tudo que vem acontecendo no Rio Grande do Sul, a gente precisa falar de saúde. Desde o começo de maio, a maior enchente já vista no estado tem deixado as pessoas apreensivas, sofrendo de estresse com a pressão diária provocada por tantas perdas causadas pelo avanço das águas. Em seu quadro no Programa da Regina (domingos, 18h, MasperTV, no 575 da TV aberta 575 e no 520 da Claro TV), no último domingo, o cardiologista Dr. Gilberto Lahorgue Nunes abordou o impacto de situações de desastres climáticos no coração.
Existe uma correlação importante entre catástrofes e manifestações de doenças cardiovasculares. Evidências cientificas mostram que desastres naturais, como as inundações que nós estamos passando aqui, fazem surgir ou agravar doenças cardiovasculares. A pessoa pode ter uma primeira manifestação de uma doença cardíaca, como um infarto, ou um agravamento de um doença pré-existente. Isso está relacionado principalmente ao estresse e à dificuldade de acesso às medicações de uso contínuo.
Em 2011, um grande terremoto no Japão devastou uma área significativa do país. Nas semanas seguintes ao evento, observou-se um crescimento relevante no número de mortes e paradas cardíacas por causas cardiovasculares.
Situações de estresse coletivo levam a uma alteração metabólica nas pessoas. Ansiedade gera taquicardia, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, e isso, por si só, já ajuda a desencadear um infarto ou um acidente vascular cerebral (AVC).
ATENÇÃO AOS SINTOMAS
É fundamental as pessoas observarem os sintomas para buscar atendimento o mais rápido possível. Um infarto pode ser identificado a partir de uma dor de forte intensidade no peito, que surge em repouso, associada com náusea ou suor frio, podendo se irradiar para o pescoço ou braços. O AVC se manifesta principalmente pela perda de força ou sensibilidade em uma metade do corpo e dificuldade para falar.
A pessoa que já tem algum tipo de problema cardíaco, precisa se resguardar e ficar atenta aos sintomas. Não é recomendável ficar excessivamente em contato com as notícias relacionadas à calamidade do momento. E, muito importante, não descuidar do seu tratamento, especialmente, porque o acesso ao atendimento de urgência/emergência pode ser mais complicado em situações de catástrofe climática.
A partir desse desastre ocorrido no Japão foi gerado um score, que prediz o risco de a pessoa morrer por doenças cardiovasculares durante uma tragédia natural. São considerados os seguintes fatores: idade maior ou igual a 75 anos, se a moradia ou a vizinhança foram atingidas pela intempérie, se algum familiar faleceu ou foi hospitalizado, além de fatores de risco clássicos, como a presença de hipertensão, diabetes ou doença cardíaca pré-existente. Tendo quatro ou mais desses fatores, já existe um aumento significativo do risco cardíaco, em função de todo o estresse gerado pela situação.
A parte emocional é muito importante. O que conta nessa hora difícil é a capacidade da pessoa de lidar com situações adversas, com o estresse e a ansiedade, na medida do possível.