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Uma dúvida muito frequente é sobre o que é a angina. Se é uma doença cardíaca, como deve ser tratada?

Na verdade, a angina é um sintoma. É uma dor, geralmente, no lado esquerdo do peito ou na porção central do tórax, atrás do osso esterno. Normalmente, tem uma característica de aperto ou de peso. Mais raramente, pode se manifestar como uma queimação, muitas vezes se confundindo com um sintoma gástrico.

Classicamente, a angina surge quando a pessoa faz algum tipo de esforço físico – subir uma escada, acelerar o passo – e, tradicionalmente, alivia em poucos minutos, assim que a pessoa cessa a atividade que a provocou.

A angina é uma manifestação clínica de uma obstrução de alguma artéria coronária por uma placa de gordura. As artérias coronárias são aquelas que irrigam o músculo cardíaco. Quando o fluxo de sangue é diminuído pela existência de uma obstrução, o sinal de alerta que o coração emite é justamente a dor de angina.

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Tratamento – Quando a pessoa começa a apresentar esse sintoma, é muito importante que ela procure consultar com um cardiologista para avaliar a extensão do problema e, eventualmente, definir qual o melhor tratamento a ser empregado, que pode ser apenas com medicações ou com a realização de um exame invasivo, chamado cateterismo cardíaco.

O cateterismo cardíaco vai identificar aonde são as obstruções, se comprometem uma ou mais coronárias, e, eventualmente, definir se há necessidade de um tratamento diferente, que pode ser a angioplastia com colocação de stent

s coronários (próteses metálicas que mantêm o vaso aberto) ou, numa minoria de pacientes, a necessidade de fazer uma cirurgia de peito aberto com a colocação de pontes de safena.

Em alguns casos, geralmente naqueles pacientes que tiveram dor em um esforço físico e não procuraram um cardiologista para investigar, pode se instalar um quadro de angina instável – quando a dor começa a aparecer cada vez mais com menos quantidade de esforço, com maior frequência e maior intensidade ou até com a pessoa parada, sem fazer nenhuma atividade físico. Nesses casos, é preciso ação imediata, o paciente deve procurar uma emergência de algum hospital, pois eventualmente, pode haver a necessidade de se realizar um cateterismo de urgência devido à gravidade do quadro.

O reconhecimento desse sintoma e o seu tratamento adequado impedem que o quadro possa progredir para um infarto agudo do miocárdio.



 

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O mundo tem acompanhado com grande atenção a recente epidemia de gripe causada pelo coronavírus na China. O impacto deste novo surto sobre a saúde cardiovascular global ainda não foi determinado. Inúmeras evidências científicas demostram uma forte associação entre surtos de gripe e a ocorrência de eventos cardiovasculares graves.

Surtos de gripe estão associados a um aumento expressivo do número de internações por infarto, com o risco sendo maior nos primeiros sete dias após o diagnóstico. A gripe causa inflamação generalizada no organismo, ativando a coagulação e predispondo à ruptura de placas de gordura nas artérias, ambos mecanismos reconhecidamente causadores do infarto.

Estudos populacionais indicam que a vacinação contra a gripe reduz de maneira significativa a ocorrência de infarto. Estudos clínicos controlados sugerem que um evento cardiovascular (infarto e derrame cerebral entre outros) é evitado a cada 58 indivíduos vacinados.

Baseado nestas evidências, o Center for Diseases Control americano recomenda a vacinação contra a gripe em todos os indivíduos acima dos 50 anos, especialmente aqueles com alguma forma de doença cardiovascular. As sociedades cardiológicas americanas também recomendam a utilização da vacinação anual como forma de prevenção de novos eventos cardiovasculares em pacientes portadores de aterosclerose. A força dessa recomendação é de magnitude semelhante às de outras estratégias de prevenção de eventos (como o controle da pressão arterial e do colesterol).

Nesse contexto, causa apreensão a falta de ação dos órgãos da saúde e de nós médicos no sentido de indicar a vacinação contra a gripe como forma de prevenção também de eventos cardiovasculares, da mesma forma que recomendamos a cessação do fumo ou o controle do colesterol. Dessa forma, a vacinação sistemática contra a gripe é uma forma eficaz e barata de prevenção de infarto do miocárdio. Essa é uma excelente razão adicional para nos vacinarmos todos os anos.

(Gilberto Lahorgue Nunes, ZH, 13/02/20)

 


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