A válvula aórtica é uma válvula cardíaca que conecta o coração com a maior artéria do organismo, que é a artéria aorta. Em condições normais, essa válvula permite uma passagem ampla de sangue entre o ventrículo esquerdo e a aorta.
Com o envelhecimento, algumas pessoas podem desenvolver um processo degenerativo causado pelo espessamento dos folhetos, seguido da deposição de gordura e cálcio, provocando a fusão (aderência) de um folheto ao outro, o que provoca uma redução gradual e progressiva da abertura da válvula aórtica. Esse processo é chamado de estenose degenerativa da válvula aórtica.
Quando a redução da área de abertura da válvula aórtica é muito significativa (causando um grande dificuldade à saída de sangue do coração para a artéria aorta), começam a surgir os sintomas clássicos da estenose aórtica que são: a falta de ar (cansaço aos esforços) progressiva, a dor no peito (muito semelhante à dor de angina) e em casos mais extremos, os desmaios com perda momentânea da consciência.
É importante ressaltar que a estenose aórtica quando severa, ou seja, quando a área de abertura da válvula está muito reduzida, causa um aumento do risco de morte dos pacientes. Consequentemente, o tratamento precoce da estenose aórtica grave é muito importante para prevenir a ocorrência de morte e o surgimento de outras complicações. Se a estenose aórtica grave não for tratada, ela pode ocasionar uma progressiva dilatação do coração e o consequente comprometimento da sua função de bomba, levando a uma piora importante dos sintomas e ao aumento do risco de morte.
Tratamento – Até o início dos anos 2000, o único tratamento disponível para a estenose da válvula aórtica era a cirurgia de peito aberto, no qual se expunha o coração, se ressecava a válvula aórtica doente e se colocava uma prótese artificial (que poderia ser metálica ou feita de material biológico).
A partir dessa época, foi desenvolvido um método de implante por cateter de uma nova válvula aórtica. Inicialmente aplicado apenas em pacientes sem condições clínicas de serem submetidos à cirurgia convencional, esse novo método de tratamento foi progressivamente evoluindo e melhorando os seus resultados. Estudos clínicos comparando o implante por cateter com a cirurgia de troca da válvula demonstram resultados equivalentes entre os dois métodos de tratamento no que diz respeito à redução de mortalidade e melhora dos sintomas clínicos. Atualmente, o implante por cateter da válvula aórtica é aplicado em uma ampla gama de pacientes com estenose da válvula aórtica, com uma recuperação mais rápida e também com uma taxa de complicações menores do que se observa com a cirurgia de peito aberto, especialmente nos pacientes mais idosos.
Em resumo, o tratamento por cateter da estenose da válvula aórtica, desde que anatomicamente viável, é o tratamento de eleição da estenose grave da válvula aórtica por ser menos invasivo, ter uma menor taxa de complicações e possibilitar uma recuperação mais rápida dos pacientes.